quarta-feira, 21 de outubro de 2015

12. Socialismo Moreno



Socialismo Moreno


Vou cantar uma canção e peço, não me interpretem errado
Está tudo baseado no que foi observado na história
Pois, somos o que somos, mas não olhamos muito no espelho
Logo, não sabemos por que em nossa bandeira não se vê o vermelho
Ela é fruto de um questionamento: Por que se parecem tanto,
Motoristas, empregadas, porteiros, vaqueiros, vigias de estacionamento...

Os trabalhadores do Brasil são morenos
Talvez por isso os professores dos seus filhos ganhem menos.
Os trabalhadores do Brasil são morenos
Talvez por isso mesmo lhes sobrem os mais baixos salários, mais humildes empregos
São pretos, índios e brancos menos brancos de tão pobres
Talvez por isso, morram nas filas, de fome, um pouco a cada dia
As trabalhadoras do Brasil são meninas
Que tiveram pouca escolha, escola, e camisinha.

As trabalhadoras do Brasil são morenas
Nos seringais do norte, no corte da cana
São ainda as “criadas” a cuidar das crianças brancas
Trabalhadoras do Brasil, como mantêm sua esperança?
Como guardam sua beleza, sua mão da pureza?
Trabalhadoras do Brasil de mais bela natureza...
Talvez por isso, os médicos que parem os seus filhos na cidade
Ganhem menos e as parteiras, morenas, o que é que elas ganham?

No Brasil, o mês de abril é vermelho
Pois, dos capitães-do-mato os trabalhadores não têm medo
Pois, a PM é a polícia a comando dos governos
Que são, por sua vez, aparelhos de controle das elites brancas
Que bancam candidatos, que compram os partidos
Que não votam pelo fim do trabalho escravo
Que tomaram para si as terras dos povos indígenas
E a eles impuseram seu Estado, sua cultura e sua língua

Trabalhadores do Brasil querem liberdade e igualdade de oportunidades
O que não poderá haver enquanto houver “cidades de patrão*”.
Merecem muito mais não serem escravos dos bancos
Merecem casa própria e terra pro seu sustento
Merecem por direito, não por benefício, muito menos privilégio
Um sistema público de saúde eficiente e acesso ao conhecimento acumulado na história
E nada disso virá pela vontade de político, bondade de empresário
Mas pela pressão da sociedade em seus setores horizontalmente organizados.

Eu canto sem esquecer que eu sou, em parte, descendente
Daqueles que montaram e giraram essa máquina de moer gente
Mas eu canto pra reafirmar o meu lugar no mundo
Pois, não escolhi nascer, mas escolho meu caminho
Canto pra reafirmar que estamos todos juntos
E pra construir um mundo novo peço a quem quiser, cante comigo.

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